A artista Ana Miguel usa a linguagem de carimbos desde os anos 80, em caixinhas “para crianças”, edições limitadas ou convites. Em 2015, diante dos ataques à presidenta eleita Dilma Roussef e ao início do processo que resultou no golpe e empossou Michel Temer, a artista começou a produzir adesivos para colar pela cidade e distribuir para amigos e em manifestações, “como quem partilha um afeto”. A ideia era explicitar a relação entre afeto e democracia, usando um material que traz a memória da intimidade, dos cadernos escolares, um tipo de imagem claramente caseira e meiga para fazer um ato de resistência face à brutalidade do momento histórico.