A ação “Meu peito, minha bandeira, meu direito”, de Indianarae Siqueira, questiona a legislação e os dispositivos que insistem em controlar os corpos, especialmente os não normativos. Esta ação estético-política de enfrentamento direto consiste em expor os seios em locais públicos, e provoca a reflexão quanto à desigualdade de gênero na legislação, questionando tanto a repressão às mulheres quanto a violência do não reconhecimento da identidade das pessoas trans. No Brasil, uma mulher mostrar os seios em público é considerado crime. Ao expor os seios e ser detida pela polícia, Indianarae argumentava que teriam que prender todos os homens sem camisa, porque ela era legalmente homem. “Se eles me condenassem, estariam me reconhecendo como pessoa trans e abrindo um precedente para que todas as pessoas trans fossem respeitadas por sua identidade de gênero. Ao mesmo tempo eu estaria sendo condenada enquanto mulher, dizendo claramente que homens e mulheres não são iguais perante a lei”, diz Indianarae. Esta ação foi realizada 13 vezes desde 1995, quando Indianarae, com apoio de Jovana Baby Cardoso, a matriarca do movimento organizado de travestis e transexuais no Brasil, expõe os seios em cima do trio durante a 1a parada LGBTIA+ do Rio de Janeiro, contestando a própria organização da parada, que pedia que travestis não mostrassem os seios para não haver repressão. Desde então, foi detida em Santos-SP por fazer topless na praia do José Menino, e no Rio de Janeiro foi abordada oito vezes, sendo levada a julgamento e liberada com arquivamento do processo pela complexidade do caso. Aqui em Compa, documentamos a ação durante a Marcha das Vadias de 2012, no Rio de Janeiro. (Texto em parceria com Tropicuir – arquivo transviado).
Este conteúdo foi produzido e inserido como contrapartida do Inciso II da Lei Aldir Blanc, Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria Especial de Cultura/ Ministério do Turismo e Governo Federal.